O Rural – Urbano e o Urbano – Rural. Um duplo apelo ao desenvolvimento sustentável.

Criou-se artificialmente uma clivagem entre o rural e o urbano que no fundo apenas pretendeu consagrar a esmagadora “vitória civilizacional” da cidade, da vida urbana, sobre o atraso do campo. Já todos percebemos que se foi vitória, foi de Pirro, porque todas as questões críticas da sustentabilidade dos nossos dias convergem para uma relação integrada do rural com o urbano: a transição energética, a nova abordagem ao consumo e à alimentação, os transportes de mercadorias, os circuitos cursos de comercialização, etc.

Não será pois apenas o Urbano Industrial a reformular os modos de produção será também todo o modelo agrícola e da indústria agroalimentar que deve ser totalmente reformulado. As ajudas à agricultura intensiva devem progressivamente ser eliminadas (por, entre outros , ser uma grande consumidora de energia e utilizadora de químicos), dando lugar a uma agricultura de proximidade. Ou seja, não é o rural que é “natureza e ambiente” e o “urbano a poluição e a vida em stress permanente. Ambos precisa, de mudar o paradigma de funcionamento dos processos produtivos e de organização da vida comunitária.

Aprofundar as ligações

Neste termos a agenda para um aprofundamento das ligações do rural com o urbano e do urbano com o rural é pesada e exigente:

a) reformulação estratégica que ambos precisam de concertar em torno da sustentabilidade global;

b) a criação de uma sistema de governação que facilite e impulsione a TRANSIÇÃO rural – urbano e urbano – rural;

c) o investimento em acções intensivas de recuperação e reorganização do espaço rural em torno da reformulação da base florestal, da distribuição e acesso á água, da requalificação de terras para as funções que lhes são mais apropriadas, da recuperação geral das produções locais associadas ao ciclo das estações, dos espaços urbanos assumidos como espaços rurais, das hortas comunitárias, das produções agrícolas em espaços públicos comuns; dos espaços de encontro, produção e comercialização em torno da produção biológica;

Programas – piloto

d) o lançamento de vários programas – piloto que reabram caminho para o futuro de vários territórios

– modelo de criação de valor acrescentado nos produtos rurais através da arte contemporânea (EXPERIÊNCIAS DE CRISTINA RODRIGUES  em Idanha-a-Nova e Amarante com associações de base local)

– geminações criativas entre aldeias e localidades urbanas – modelo das vendas directas produtor – consumidor com intercâmbios culturais e institucionais;/ activar rural Fraldas do Marão – modelo do CLAP

– circuitos curtos de comercialização associados a processos de educação pedagógica nas escolas e junto das famílias, modelo em desenvolvimento e em cooperação Oikos/CNJ e outros

– acções de apoio ao acolhimento e á instalação de jovens em meio rural – modelo RURBAN da CNJ – Confederação Nacional dos Jovens Agricultores e do Desenvolvimento Rural

– acções baseadas na  cultura local e de revitalização dos laços comunitários – modelo das aldeias artísticas da Ecogerminar

– outros a ponderar….

Ou seja, não vale a pena, porque vai ser “moda” e vai ser colocado como objectivo nos apoios de vários financiamentos públicos, criar ou acelerar uma série de “programinhas” que criem a ilusão de uma nova preocupação com estas ligações do rural com o urbano e vice-versa. Importa situar este quadro de actuação numa relação inequívoca com a batalha pelo desenvolvimento sustentável (não – fragmentado).

Deixe um comentário