Contributo da Caixa de Mitos em matéria de conclusões.
- Constata-se que está instalada uma dinâmica regressiva estrutural que abrange todos os sectores da organização económica e social do território sendo previsível o seu agravamento de forma acelerada caso a evolução não seja contrariada.
Nos termos das referências introduzidas por João Ferrão na abordagem às dinâmicas territoriais estruturais podemos assumir a categorização de “territórios adormecidos” para o conjunto agregado das Fraldas do Marão.
Apesar da tendência para a regressão ser acompanhada pela preservação de elementos que sedimentam um potencial futuro de elevado valor acrescentado, a gestão coerente dessa preservação deve adoptar o critério inequívoco da sustentabilidade.
Por sua vez o património paisagístico e natural que constitui nesta leitura dinâmica do território um capital social de partida, só poderá adquirir um valor efectivo se for integrado num quadro de oferta que venha a englobar também o capital cultural e o capital humano disponível.
- Os recursos instalados para enfrentar as adversidades e organizar as tarefas de contenção e de reorganização precisam de adquirir uma nova escala. Importa que sejam criadas novas condições para poderem cuidar das emergências relacionadas com os desafios conjunturais e simultaneamente assumirem um papel efectivo e influente nas dimensões mais estruturais, de médio e longo prazo.
A dimensão organizativa, técnica e financeira mas também a politica devem, nesta matéria, ser equacionadas de forma radical.
A pequena escala não cria barreira para nada de significativo nos processos de regressão abrangentes. A proximidade mantém um valor inestimável e permanece como fundamental para o acompanhamento personalizado, a segurança das populações, a resolução de problemas imediatos. Mas os desafios actuais exigem que se estabeleça como prioridade a estruturação de escalas intermédias sólidas que dêem garantias de uma resistência mais forte e de uma projecção do futuro mais coerente.
RECOMENDAÇÕES
Atendendo ao quadro de fragilidades mas também de potencialidades que o Diagnóstico Técnico revelou podemos admitir como campos de aprofundamento e de desenvolvimento futuros os seguintes:
- UM APROFUNDAMENTO DO DIAGNÓSTICO ENVOLVENDO AS ORGANIZAÇÕES E AS COMUNIDADES LOCAIS
Admite-se que os projectos que venham a ser desenvolvidos no sentido de inverter a actual tendência negativa de evolução do território devam mobilizar os actores locais para a sua implementação. Nestes termos quanto mais o diagnóstico for participado, melhores condições serão criadas para envolver todas as energias nas acções futuras.
Uma segunda fase de diagnóstico participado, a ser realizado em simultâneo com as primeiras acções de intervenção (não desligar o diagnóstico da acção surge como um imperativo metodológico chave) poderá facilitar o seu aprofundamento e apoiar a organização dos actores numa base também ela mais abrangente.
- MAPEAR OS TESOUROS DA SUSTENTABILIDADE
A opção estratégica de um sustentabilidade consistente, abarcando os domínios económico, social, ambiental e de governança participada impõe uma clarificação do papel de cada actor, a identificação dos factores de sustentabilidade estrutural e uma definição das prioridades na preservação do futuro sustentável.
Mas impõe desde já o desenho de um Mapa de Riscos de Agressão que deve ser trabalhado e consolidado por todos os actores locais mas também por todos os organismos e instituições que poderão vir a influenciar as decisões sobre o território.
- ESTABELECER UMA NOVA ESCALA PARA TODOS OS RECURSOS INTERVENTORES
No plano politico: uma nova agregação das freguesias, uma estruturação transversal em torno das prioridades comuns e um novo compromisso em torno do desenvolvimento sustentável.
No plano organizativo: uma optimização dos serviços públicos e de utilização pública, com uma integração horizontal nas áreas de maior emergência | transportes, equipamento e apoio social; educação para o desenvolvimento (escolas e educação de adultos) e saúde. Aprofundamento das Redes de Interesse em diversos domínios nomeadamente no fornecimento de serviços (centrais de compras, centrais de vendas, gestão integrada de equipamentos, centrais logísticas para a pequena agricultura familiar) e na comercialização fora da área territorial das Fraldas do Marão.
No plano técnico: formação de todos os interventores nos temas e nas posturas da sustentabilidade coerente. Constituição de uma estrutura de participação tripartida: Município, juntas de freguesia, organizações locais.
No plano financeiro: a criação de um fundo para o desenvolvimento local e a mobilização concertada de fundos europeus e nacionais para o desenvolvimento local
- ESTABELECER PROJECTOS PRIORITÁRIOS IMEDIATOS
- Tecelagem em Fridão
- Rio Olo e desenvolvimento integrado
- Produtos locais e novas capacidades de produção e comercialização.
Carlos Ribeiro 24 de Abril 2015